Quem vê a jovem Dhiuliene Borges de 20 anos passeando tranqüila por entre os arbustos da faculdade Estácio de Sá, não imagina que por trás do rosto angelical existe uma roqueira discomunal, ou melhor, uma fã apaixonada pela banda Detonautas. A estudante de direito, não só tem um vasto material do grupo, como acompanha de perto a carreira dos meninos e faz loucuras para não perder um show. Quando questionada sobre um possível preferido, ela responde sem pestanejar, Renato Rocha é o nome dele. O amor pelo guitarrista é tão grande que ela resolveu eternizá-lo com uma tatuagem. Nesses cinco anos acompanhando cada passo da banda, Dhiuli acumulou muitas histórias que ela conta de forma deliciosa e apaixonante.1 - Como começou a sua admiração pelo Detonautas?
Dhiuli: Sempre gostei das músicas da banda e tal, mas nada que os tornasse diferentes de qualquer outra banda que eu também ouvia na época. A admiração diferenciada começou em junho de 2005, quando assisti a um show deles em Sumidouro/RJ e fiquei fascinada pelo guitarrista Renato Rocha, (foto abaixo) a maneira como ele tocava, como se dedicava.

Fiquei o show inteiro hipnotizada com a entrega e amor que ele demonstrava ter por sua música. A partir daí, virei fã dele, muito mais do que da banda, mas como comecei a frequentar muitos shows, a banda acabou se tornando parte mais do que integrante de todo esse amor.
2 - Um Show inesquecível?
Dhiuli: Todos os shows tiveram algum ingrediente em especial que os tornaram inesquecíveis. Mas posso ressaltar um deles, show em Pará de Minas/MG, Julho/2006. Foi inesquecível por causa da viagem que foi looonga e ao lado de duas amigas do RJ. Foram 2h30m até o RJ, 6h e 30min até BH e mais 2h até Pará de Minas, 11 horas de viagem no total. E tuuuudo isso pra voltar. Risos. Ficamos no mesmo hotel que eles. E o show foi um dos mais lindos que já fui. O camarim foi ótimo porque só tínhamos nós e mais duas meninas, uma de SP e outra do Sul que faziam parte do fã clube
3 - Uma história engraçada?
Dhiuli: A história mais engraçada foi do show de Aperibé/RJ, também em 2006, só não me recordo direito da data. Enfim, fui sozinha de Friburgo pra lá, sem conhecer nada.(Na foto abaixo Dhiuli entrega um dos muitos presentes que ela já deu para o guitarrista)

Tinha marcado com umas meninas do RJ de nos encontrarmos na rodoviária de Aperibé. Até aí, tudo bem.
O que nós não esperávamos é que Aperibé não tinha rodoviária. Consegue imaginar minha reação quando o motorista disse que não tinha rodoviária, que eu tinha que saltar na pracinha? Quase tive um filho. Risos. Passei uma conversinha no motorista e ele deu um jeito de me deixar o mais próximo possível no parque de exposições, onde ia acontecer o show. Encontrei as meninas do RJ lá, curtimos o show, tudo bonitinho. Risos O nettinho (Rodrigo Netto, guitarrista da Banda Detonautas, na foto abaixo com Dhiuliene. Ele morreu vítima de um assalto no Rio de Janeiro em 2006), sempre se preocupou muito com a forma como íamos embora, se estávamos com fome, etc e tal. Quando disse a ele que iríamos esperar até às 7h o nosso ônibus ele nos deu uma bronca e disse que a gente não podia fazer isso e tal... Enfim.. Enquanto isso, conversa vai, conversa vem, final de camarim, vou pegar minha mochila e estava um PESO. Quando eu abro a mochila, tinha um amarrado de todinho, iogurte, banana, uva, Gatorade e um monte de biscoito. Na hora que eu vi isso o nettinho gritou do outro lado do camarim “pega ladrão, ela está roubando nossa comida!”

Eu fiquei toda sem graça e não sabia o que fazer, porque todo mundo olhou pra mim, fiquei sem saber o que fazer, porque todo mundo olhou pra mim, fiquei um tempão explicando que eu não sabia como aquilo tinha acontecido e tal e todo mundo sério.
Depois o nettinho caiu na gargalhada dizendo que era pra eu ficar calma que ele que tinha colocado todas aquelas coisas na minha mochila, porque estava preocupado com a gente e tal. Eu queria bater muito nele pela vergonha que ele tinha me feito passar, mas depois achei fofinho por ele ter se preocupado. Não sei se essa foi a história mais engraçada, mas foi a mais marcante pra mim. Pouco tempo depois o nettinho veio a falecer.
4 - Uma loucura que você já fez por eles?
Dhiuli:
Bom, eu fiz uma tatuagem com as inicias do nome do Renato. “RR”. Não considero uma “loucura”, considero mais como uma espécie de homenagem à um artista, ser humano que eu admiro muito. Na verdade, eu fiz essa tatuagem mais pra mim do que para ele. Ela foi feita mais como uma forma eternizar o amor que tenho por uma pessoa tão ímpar. Também pedi meu ex namorado para fazer um quadro com uma foto do Renato com a filha.(Foto abaixo do Renato com o quadro)

5 - Com o ele reagiu quando viu a tatuagem?
Dhiuli: Eu mostrei a tatuagem pra ele num show em Cordeiro/RJ. Ele ficou bem surpreso e emocionado, me chamou de doida, depois agradeceu pela demonstração de carinho e disse que a tatuagem(Foto abaixo) era muito linda. Mas as pessoas sempre dizem que é loucura.

6 - A situação mais triste que já aconteceu?
Dhiuli: Sem sombra de dúvidas foi a morte do Nettinho. Foi um momento muito complicado tanto pra banda quanto para nós, fãs.
Ele era um ser humano iluminado, cheio de sonhos. Ele sempre foi o mais “crianção” da banda e, sem sombra de dúvidas, nos rendeu momentos inesquecíveis e muitas histórias engraçadas pra contar.(As fotos abaixo são montagens que Dhiuliene fez para homenager Rodrigo)

7 - Como foi o seu primeiro encontro com a banda? O que você sentiu?
Dhiuli: O primeiro encontro, na verdade foi o primeiro show, aquele de junho de 2005. Mas nesse show eu ainda não nutria aquele amor e admiração tão fortes. Então, o primeiro show depois de virar fã mesmo, foi, na verdade o segundo, em outubro de 2005 no antigo Claro Hall no RJ.
8 - Você se inspira ou já se inspirou neles em algum momento da sua vida?
Dhiuli: Sempre me inspirei muito no Renato, como exemplo de pessoa, de ser humano que quero ser. O Renato é um cara íntegro. Um músico extraordinário, um filho, um pai de família e um marido que dispensa qualquer tipo de comentário.
Aprendi com o Renato a correr atrás dos meus sonhos e a querer ser um pouco melhor a cada dia.9 - O que você tem deles? Blusa, CD, DVD?
Dhiuli: Hum, quase tudo. Risos. Vamos enumerar: Cds (Detonautas Roque Clube, Roque Marciano, Psicodelia, Amor, Sexo e Distorção, O retorno de Saturno e Detonautas Roque Clube Acústico); DVDs: Detonautas Roque Clube – Lançado em 2005, Detonautas Roque Clube Acústico – Lançado em 2009; Tenho três camisas, seis botons, oito palhetas do Renato... E mais alguma coisa que não estou lembrando agora. Risos....Ah, um livro com a história da Banda.
10 - Você faz ou fez parte de algum fã clube?
Dhiuli: Hum, pergunta complexa... No começo eu fiz parte do Fã Clube Detonautas Roque ClubeRJ, mas fã clube é uma coisa muito complicada. Sempre existem desentendimentos, divergências de opiniões e etc. As meninas que administravam esse FC renunciaram e ele ficou por muito tempo sem administração. Depois outras pessoas assumiram a administração do FC, mas hoje em dia eu posso dizer que não faço parte de nenhum . Eu vou aos shows quando estou com vontade, sozinha ou acompanhada, sem precisar de nenhum fã clube. Já tem uns três anos que faço isso. Risos (Abaixo, foto das meninas do Fã clube com a banda)

11 - Quem é o seu preferido na banda? Por quê?
Dhiuli: É o Renato Rocha, guitarrista. Já mencionei o porquê acima. Risos
12 - Como é o seu contato contato com os meninos da banda?
Dhiuli: Mantenho contato via sites de relacionamentos com praticamente todos eles. Sempre prezei pelo contato com o Renato. Troco e-mails com ele e tal.
No final de 2006 passei por uns problemas de depressão, troquei bastante e-mail com ele. O Renato sempre me ajudou muito em tudo o que eu precisei e que estava ao alcance dele. Já falei com o Renato e com o Nettinho algumas vezes por telefone, mas foram amigas que tinham ido ao show quando eu não pude ir e me ligavam para que eu pudesse falar com eles.
Já fiquei hospedada no mesmo hotel que eles, algumas vezes. Agora só me recordo de dois: Pará de Minas/MG e Leme/SP.(Abaixo, foto de Dhiuliene com o vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz)

13 - Como a sua mãe via toda essa situação? Ela aprovava? Bancava os shows?
Dhiuli: Minha mãe não gostava muito. No início, eu ía em muitos shows, o tempo todo. Ela desaprovava não só pela grana que eu gastava, mas também pela preocupação por estar me deixando viajar sozinha. Sim, ela bancava os shows, até porque eu tinha 16 anos e não tinha como me bancar sozinha. Mas teve uma vez que estava indo almoçar com ela num restaurante aqui em Friburgo e, coincidentemente (sim, foi coincidência), encontramos o Renato, o Nettinho e o Cléston no mesmo restaurante. Eles estavam na cidade para visitar a rádio local e fazer a divulgação do novo álbum, que na época era o PASD. Ao final do almoço o Renato veio até a nossa mesa falou comigo e foi um amorzinho com a minha mãe. Fez alguns elogios a mim. E sabe como são as mães, né? Ela ficou toda orgulhosa. A partir desse dia, a implicância dela com relação a isso diminuiu bem. Risos
14 - E no colégio, como era? Tinha muita zuação?
Dhiuli: Cara, complicado isso. Nunca dei muita importância ao que as pessoas pensavam com relação a isso. Muitas pessoas não acreditavam que eu realmente os conhecia e tal, mas eu também não tinha interesse nenhum em provar nada a ninguém. Lembro que o Nettinho faleceu num domingo, na segunda-feira eu fui à aula, mas eu estava super mal. Minhas amigas me mandaram mensagem no celular falando sobre o velório e tal... Saí mais cedo do colégio pra poder ir ao velório no Rio e algumas pessoas riram disso. Mas eu aprendi a abstrair essas coisas.(Abaixo, momento de descontração de Dhiuli com o seu preferido, Renato)

15 - Você considera que todo esse amor tenha afetado de alguma forma a sua vida social ou acadêmica?
Dhiuli: Minha vida social não, de maneira alguma. Mas afetou um pouco a minha vida acadêmica sim. Mas foi culpa minha. No início eu era muito novinha, não soube administrar muito bem as coisas, fiquei meio deslumbrada, queria ir em todos os shows que eles fizessem, mas com o tempo, com o amadurecimento, eu soube equilibrar melhor as coisas.
Foi uma das coisas que aprendi com o Renato. O equilíbrio é muito importante para vivermos em harmonia com nós mesmos, interiormente. Hoje eu tenho esse equilíbrio muito bem estabelecido na minha vida.