
Já cantava o rei Roberto Carlos “...debaixo dos caracóis do seu cabelo, uma história pra contar...” e que história. O cabelo cacheado virou febre no Brasil na década de 80. Naquela época, o penteado tipo poodle, bem volumoso dominava a cabeça das mulheres, como você pode conferir na foto ao lado. Para chegar a esse look armado, o segredo era o permanete, um produto químico aplicado às madeixas femininas por um profissional nos salões de beleza.

Mas com a chegada dos anos 90, uma nova tendência caiu no gosto popular, o alisamento. Uma combinação de beleza e praticidade hipnotizou centenas de mulheres. Com o passar do tempo as opções só aumentaram. Escova progressiva, definitiva, inteligente, japonesa, entre muitas outras. Todas com a mesma promessa. Cabelos super lisos por muito tempo.
Hoje os cachos timidamente estão recuperando espaço nos institutos de beleza, mas eles se modificaram. Ondas mais comportadas compõem um visual moderno e elegante.

Um dos fatores que vem influenciando essa mudança é a mídia. A presença de atrizes como Taís Araújo que está na foto ao lado, assumindo os seus fios encaracolados na TV, encoraja as mulheres a se libertar do secador e da chapinha. Essa influência dos meios de comunicação na forma de ser das pessoas não é algo novo. Basta lembrar dos bordões, roupas e acessórios que sairam da ficção e passaram a compor o dia a dia dos brasileiros. O permanente muito usado na década de 80, também teve influência da teledramaturgia. No vídeo abaixo você confere as atrizes que ditaram moda com seu cabelão nas novelas da época.
Porém, dessa vez é diferente, pela primeira vez em muito tempo, caminha-se na direção da naturalidade, as mulheres podem ser elas mesmas, soltar o cabelo, sem medo dos pensamentos alheios.
Mas para muita gente, assumir os cachos ainda é um problema, pois requer muita coragem. Segundo Kátia Freitas, cabeleireira há 20 anos do Salão da Praia na região oceânica da Barra da Tijuca e adepta do cabelo cacheado, ter ondas é para quem tem personalidade:
- Eu falo como uma mulher que se enquadra no perfil, que vive essa realidade, para assumir os cachos, a sua verdadeira identidade, é preciso ter personalidade e muita coragem, principalmente para enfrentar as pessoas que ainda acham que cabelo cacheado é cabelo ruim. Eu amo cachos, na verdade eu amo cabelo volumoso. Pra mim, quanto mais volume, melhor.
Kátia diz ainda que enganasse quem pensa que o cabelo cacheado é mais prático do que o liso:
- Muita gente acha que o cabelo liso é mais trabalhoso que o cacheado, isso é uma mentira. Cachos bonitos dão muito trabalho, com eles não existe praticidade. É preciso hidratar sempre, para ele não ressecar, alguns embarassam com muita
facilidade...Enfim...É preciso dedicação e paciência, mas o resultado compensa.
Um fator que incomoda muito as mulheres que tem cabelo cacheado é o volume. Por isso, segue abaixo um vídeo da editora de beleza da revista Marie Claire, Katia Del Bianco com o cabeleireiro Sérgio Gomes. Nele você terá dicas de como domar um cabelo muito cheio.
Agora, será que cabelo cacheado pode ser curto? E para pentear, pode ser com ele seco? Será que dá para modelar os cachos? Se essas questões também te assombram, assista o vídeo abaixo onde todas as perguntas são respondidas pelo hairstylist Ricardo dos Anjos.
Mas, se em alguns salões os cachos ainda estão chegando de mansinho, existe um lugar onde eles têm prioridade. Instituto Beleza Natural.
O Beleza Natural foi criado em 1993, pela cabeleireira Heloísa Assis, conhecida como Zica (foto abaixo), no intuito de suprir uma necessidade pessoal, a insatisfação que ela sentia com o próprio cabelo:
“Meus cabelos (muito crespos e sem maleabilidade) me incomodavam muito. Resolvi, então, estudar para ser cabeleireira porque acreditava que, conhecendo meu fio, poderia fazer alguma coisa para melhorar minha situação, não me conformava em ter de alisar os cabelos para ficar com um aspecto razoável.

Eu percebia que, quando saía do banho, meus cabelos ficavam pesados e mais macios, com os cachos definidos. Era assim que eu gostaria que eles ficassem. Passei dez anos estudando o fio crespo e misturando e testando cremes e produtos com o intuito de me dar aquele visual sonhado: cabelos naturais, cheios de cachos, com brilho, maciez e beleza”.
O resultado foi a criação do Super Relaxante oferecido no salão.
Mas, o serviço que começou em um salão pequeno no subúrbio da cidade carioca cresceu e apareceu. Hoje a rede já chega à nove salões espalhados por diversos pontos do Rio de Janeiro e dois institutos fora do estado, um em Salvador e outro em Vitória.

Uma equipe composta por mais de 1200 funcionários atende em média 80 mil clientes por mês (foto ao lado). Mas essa relação as vezes se mistura, isso porque, muitas das moças que hoje trabalham no salão, começaram como clientes, o que acabou ajudando o instituto a estabelecer uma importante ferramenta de marketing e de aproximação com suas clientes, como explica a própria Zica:
“Sempre tivemos o foco em dar a oportunidade do primeiro emprego às pessoas. Aliado a isso, muitas clientes que vinham ao instituto se interessaram pelos cargos que oferecíamos. Ano após ano, esse movimento aumentou e hoje contamos com 90% de nosso quadro de colaboradores formado por ex-clientes, tanto na operação, quanto nas áreas administrativas e na fábrica. Como utilizamos fortemente o marketing de relacionamento, esta oportunidade acabou virando uma importante ferramenta para instrução de nossos serviços e produtos e também para ouvirmos de perto e entendermos melhor os anseios das nossas clientes”.
E a história não para por aí, com o objetivo de continuar inovando e aperfeiçoando o serviço prestado, foi criada em Junho de 2004 a fábrica Cor Brasil. Lá é fabricado não só o super relaxante como também todos os produtos da linha Beleza natural, shampoo, condicionador, creme para pentear e cosméticos para massagem.

E não só isso, os profissionais que atendem no salão passam por um treinamento no Centro de Desenvolvimento Técnico criado em 1999 e hoje conhecido como Universidade Beleza Natural (foto ao lado). Lá são ministrados diariamente cursos de formação e aperfeiçoamento para cabelireiras, consultoras de beleza e auxiliares de cabelireiras.
O fato é que, mesmo depois de muita pesquisa, não é possível dizer por quanto tempo essa onda de cabelos encaracolados irá durar, muito menos qual tipo de cabelo é o mais bonito. Aliás, o conceito de beleza é muito vago, o belo está nos olhos de quem vê. Se existe algum truque para se obter essas respostas, é estar bem, feliz consigo mesma e acima de tudo, ter o espelho como principal aliado.
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